15 de abril de 2011

Tive que postar...

O que vocês iram ler agora, é um depoimento de uma garota que, como outras, já sofreram Bulliyng. Leiam, vale muito a pena.



Eu preciso desabafar.
Meu nome é Maria Paula, tenho 15 anos, mas já passei por coisas que jamais pensei que poderia passar em toda a minha vida. Quando eu era pequena, loira e magra, todo mundo olhava pra mim, como se eu fosse a coisa mas linda do mundo. Quando fiz 9 anos, meus cabelos começaram a escurecer e eu a engordar. Eu não fazia nenhuma atividade física, e de 45kg eu passei pra 68. Claro, fui alvo de bullying, e de brincadeiras que eu me lembro até hoje. Lembro que na sétima série, eu não conseguia ir pra sala sem ser chamada de “bolinha”. Lógico que isso mexeu com meu psicológico, e com o tempo eu fui ficando mais fechada, tanto pra minha família quanto pros meus ditos “amigos”. Eu mal conversava com os outros, era sempre a nerd fechada da sala, não andava com ninguém na hora do recreio. Eu nunca mexi com ninguém, nunca apontei um defeito em outra pessoa, nunca coloquei apelidinhos nem nada. Mas eles colocaram em mim. E fizeram mais que isso. Na oitava série, três meninos da minha sala, me seguraram e rasgaram minha blusa na altura dos meus seios, e minha calça até na coxa. Isso aconteceu na frente de todos na sala, até do professor, e ninguém fez nada. Eu pensei em ligar pra minha mãe, mas haviam tomado meu celular. Eu fui na secretaria, e pedi um outro uniforme, eles alegaram que eu não “merecia” porque eu havia feito aquilo pra “brincar”. Eu implorei, chorei, mas ninguém me ouviu. Na hora do recreio, eu fiz o que podia e o que não podia pra tentar esconder ao máximo meu corpo. Mas aqueles três meninos me puxaram pro centro da escola, enquanto eu chorava e tentava me debater, a blusa rasgou mais e começou a mostrar meu sutiã. Eles me jogaram no chão, e todos começaram a rir de mim. Absolutamente todo mundo. Professores, “amigos”, todos. Eu corri pro banheiro e me tranquei lá. E chorei até o final da aula. Ainda ouvi comentários maldosos das meninas que entravam no banheiro. Os meninos foram devolver meu celular quatro dias depois, ele estava quebrado emcima da minha mesa com um papelzinho escrito: ” Emagrece baleia”. Minha mãe nem ligou pra nada. Ainda gritou comigo por eu rasgar meu uniforme. Ela pensou que eu era louca, que estava fazendo aquilo pra chamar a atenção. Eu fingi estar doente dois dias pra não ir na aula. Eu não comia, e nem bebia nada. Só chorava. Suicídio? Lógico que pensei, até cheguei a tomar remédios da minha mãe com vodca. Mas não adiantou. Eu estava no fundo do poço e não sabia como sair. Até que apareceu a pessoa que praticamente salvou minha vida. Meu primo. Ele não sabia o motivo da minha tristeza, e nem queria saber. Ele me fez levantar, sair, rir. E me deu coragem. Coragem pra recomeçar a vida. Nas férias, eu entrei na academia, malhei igual uma condenada, fiz dieta e perdi 7 kg. Eu não mudei de escola, porque eu queria mostrar praqueles três meninos que nada me atingia. E não só pra eles. Pra todo mundo. Eu estava no primeiro ano. Quando entrei na sala todo mundo olhou pra mim, e olha que coincidência eu fui da sala de um desses três meninos. O que eu mais odiava. Eu entrei, sentei, e ignorei os olhares e os comentários. No recreio alguns dos meus antigos “amigos” vieram me pedir desculpas por aquele dia. Eu aceitei as desculpas sabe porque? Porque não ia adiantar nada eu ficar com mágoa deles. Eu não queria vingança. Só queria mostrar quem eu realmente era. Fiz amigos. E sabe aquele meninos? Dois dele pediram pra ficar comigo e um mudou de escola porque ficou com vergonha de mim. Eu estava começando a “ser feliz”. Só que no meio do ano, eu tive um “cisto piloneidal”, e eu acabei engordando porque eu não podia fazer exercícios físicos. O bullying voltou, e eu me sentia uma garotinha indefesa de novo. Como eu não podia fazer exercícios, eu recorri a bulimia. É. Eu sou bulêmica. E não me orgulho nada disso. Eu sei que faz mal, eu sei tanto, que até já passei mal por causa disso, e não foi só uma vez. Mas chega num ponto em que você não consegue parar. Eu emagreci. Mas sem saúde. Hoje, eu ainda tenho o cisto, ainda sou bulêmica, e ainda sofro bullying. Mas sabe? Eu parei de ligar tanto pra que os outros dizem, porque eu sei que posso pesar 200kg que ainda vai ter gente que vai gostar de mim pelo o que eu sou. Eu ainda me sinto insegura, mas quando isso acontece, é só eu ganhar um abraço do meu primo que passa. Hoje, eu estou no segundo ano, peso 60kg, e me considero uma pessoa feliz. Não tenho nenhum talento especial, só sei cuidar bem dos outros. E muito bem. Essa é a minha foto mais recente. E até agora, eu só recebi elogios dela. Amigos? Tenho falsos, verdadeiros. Todo mundo tem. Preconceito? Não tenho nenhum. Eu passei por coisas bem piores que bullying. E não desejo mal há ninguém. Nem pro meu pior inimigo.  A unica coisa que eu quero levar dessa vida, são momentos bons, mas eu sei que sem os ruins nada seria possível. Antes de tudo, antes de qualquer coisa, antes do bullying, antes da bulimia, eu sou apenas uma garota no corpo de uma adolescente. Uma garota que só quer andar na rua sem ser notada por uma coisa ruim. Uma garota como qualquer outra. Que não mereceu nada do que fizeram pra ela, mas aguentou tudo e muito mais com um sorriso no rosto. Porque os nossos problemas são só nossos e ninguém vai resolver eles pra gente. Se alguém tiver lido isso até o final obrigada, foi importante.

4 comentários:

  1. Nossa, bullying é tenso msm. Te admiro por não ligar mais pro que os outros falam, vc é forte, parabéns e força, vc é o que vc quer ser, não o que os outros falam que vc é. (=

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  2. Nossa, eu fiquei tão abalada com esse texto. Sempre achei que o bullying não fosse tão "maldoso" assim, e que era mais coisa da cabeça das pessoas, só que essa garota escreveu de uma forma que fez eu sentir tudo o que ela passou. Parabéns pela coragem de continuar sempre, e lutar sempre!
    http://bethecherry.blogspot.com/

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  3. Depende Jess, depende do desenho que vc quer e tals. :)

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  4. Eu fiquei impressionada, pela coragem, força, atitude de não se importar, seguir em frente. Essa menina serve de exemplo pra muitos !

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